Aristides Caire, o doutor dos pobres

O MÉDICO ARISTIDES FERREIRA CAIRE

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A rua que leva o seu nome chamou-se antes rua Imperial, que iniciava na Goyaz e terminava na Mauá. Depois a Goyaz virou "Archias Cordeiro", a Imperial virou "Redempção", depois Aristides Caire, e a Mauá virou Ferreira de Andrade. Mas a homenagem ao Dr. Aristides Ferreira Caire foi com certeza a mais memorável!

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Era de família rica do interior do RJ (Itaocara) e seu pai, Phelipe Aristides Caire, assumiu importantes funções do Ministério da Agricultura. Tinha uma de suas casas no Meyer na virada do século, onde seu palacete ocupava um lado da rua Imperial (onde houve uma Sendas depois - última foto), e seus vastos pomares ficavam do outro lado da rua, no atual Jardim do Meyer. Seu filho mais velho se formou em Medicina no Rio em 1904, e desde o começo se dedicou a clinicar a partir de sua "pharmacia" no Meyer, sem se negar a prestar socorro de forma solidária e gratuita antes mesmo da inauguração do Posto de Assistência Pública (atual Salgado Filho) em 1915.

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Muitos são os relatos da incansável rotina de vai e vem em carros, charretes, e bondes para socorrer diversas pessoas nas vizinhanças, inclusive o escritor Lima Barreto em 30 de setembro de 1917, após um dia inteiro de ressaca alcoólica, segundo consta em seu diário íntimo. Por tanto, em 1914 recebia homenagens (Revista Fon Fon - foto 3) e seus aniversários eram as maiores festividades do bairro (Diário da Noite, 1930, foto 4), superando as tradicionais festas de dias santos das igrejas. Isso não quer dizer que não tivesse suas desavenças, como deixou claro o tb médico e morador Oscar Carvalho (A Época, 1914).

Entrou para a política, mas a abandonou quando não conseguiu manter as duas atividades. Infelizmente parece ter sido tarde demais, já que adoeceu e faleceu repentinamente em 1924, com apenas 45 anos. Seu pai faleceu no ano seguinte. Até hoje nunca houve cortejo fúnebre de igual comoção no Méier, e dificilmente haverá. Há relatos de muito choro e desespero, além de prontas e vastas homenagens, como a mudança do nome da rua (1928 - foto 7 - cruzamento com Castro Alves ao fundo). O busto do Jardim já foi roubado há alguns anos...