Passarelas do Meyer

AS PONTES DO MEYER

O outro lado do Méier é sempre o oposto ao seu! E como tem viúvos que resgatam mentalidade de guerra fria nessa data, vou reivindicar o espaço pra algo produtivo e lembrar a história das passarelas que rompem nosso Muro de Berlim ferroviário.

Saindo da Central, os trens faziam paradas em uma cancela na altura do início atual da Dias da Cruz, e como seu guarda , José Francisco, usava uma perna de pau, assim era conhecida a localidade que conseguiu ganhar uma estação em 1888. Apesar de votos favoráveis para que o nome da estação homenageasse o apelido do guarda (foto 1), o peso do prestígio do Camarista Meyer prevaleceu. Talvez uma estação "Perna de Pau" gerasse um bairro homônimo, como ocorreu com o Meyer.

Mas a estação era uma plataforma de madeira, a cobertura so veio depois. Uma cerca baixa separava a rua dos trilhos, e constantes eram os acidentes entre pedestres, animais, carroças e bondes com os trens. Uma passagem elevada era necessária, e a "Ponte do Meyer" foi construída em 1922, em frente à Alfaiataria Modelo, privilegiando os consumidores mais "elegantes" (foto 2). A foto4 a mostra recém inaugurada. Logo depois, ganhou o apelido de "Quebra-Canelas" (foto 4) pq em chuva as lamas desciam os curtos degraus, fazendo pés derraparem. Ao sol, o ferro do corrimão virava "brasa de gado".

Nos anos 30, ganhou luz elétrica e não suportou o crescimento comercial do bairro (fotos 5/6). Uma nova e mais larga passarela ligaria o Jardim a Amaro Cavalcanti, acompanhando a decadência da Arquias Cordeiro e aumento dos ônibus, entregue em 1936. Passou por reformas nos anos 60 antes mesmo de ganhar a cobertura (foto 9). A ponte "velha", assim, tornou-se uma passagem secundária, e a concentração de pessoas em situação de rua se tornava notícia. Na foto 10 vemos Ignacio Pereira (dir.) e a "Mulher da Marmita" (esq.), idosos e desalentados expulsos das áreas centrais da capital varguista em 1933.

Hoje é vestígio da Geografia Histórica do nosso bairro, com muitas camadas de memória tristemente abandonadas

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