As terras dos Meyer

A FAMÍLIA MEYER


Uma boa parte dos "googles" sobre a origem do bairro dão conta que as terras haviam sido doadas por D. Pedro II a Augusto Duque Estrada Meyer por sua proximidade social na função de Camarista. Como todo bom inventário familiar, não foi beeem assim.

Os Duque Estrada do Engenho Novo fizeram parte da primeira geração que arrendou as terras dos jesuítas. De sua grande "Quinta dos Duques", uma parte ficou com D. Jerônima. Jerônima Duque Estrada levava o nome de José Paulo Duque Estrada por ser sua irmã. O irmão de ambos, Paulo Prudêncio Duque Estrada, casara com as duas filhas de José Paulo (suas sobrinhas), uma após a morte da outra. Sem herdeiros, as terras de José Paulo, que havia passado a Paulo Prudêncio, terminou com Jerônima, em uma dessas mudanças na História. Jerônima casou com o luso-germânico Miguel Meyer, que trabalhava junto à Corte e administrava as terras familiares da esposa por direito de casamento da época. Ele faleceu em 1831 (Diário do Rio de Janeiro), além das posses materiais e humanas de pessoas escravizadas, foi a partir daí que seus filhos Augusto, Emília e Adelaide Duque Estrada Meyer iniciaram seus loteamentos e arrendamentos fundiários entre os anos de 1850 e 1870, principalmente. As terras da Fazenda Engenho de Dentro, de Dr. Padilha e D. Thereza, e que deu origem às Villa Thereza e Oficina de Trens, estiveram parcialmente envolvidas nessas negociações.

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O Augusto Duque Estrada Meyer montou uma pequena fazenda aproximadamente na área demarcada no mapa amarelo, abrindo e nomeando ruas com nomes de seus familiares quando as loteou. Adelaide (Pedro de Carvalho), Meyer (Pache de Farias) e Francisca (Catulo Cearense) mudaram o nome. A rua do Camarista Méier nasce em razão da entrada da fazenda a partir da atual Dias da Cruz, onde se dividiam as freguesias do Engenho Novo e Inhaúma. Exerceu função na Câmara da Corte, e por isso era realmente conhecido por Camarista Meyer, mas morava na atual rua Ana Neri. O terreno cedido para a estrada de ferro já tinha a condição de que sua futura estação levasse o nome de "Meyer". Esse ponto entre Engenho Novo e Todos os Santos era conhecido como Passagem do Cachamby, pela conexão com os bondes das terras cachambenses de Lucídio Lago através antiga "Cancela da perna-de-pau" (a posterior foi para a passagem das ruas Medina e Cardoso (atual Coração de Maria). Falece em 1882 (Gazeta do Rio), antes da inauguração da estação em 1889.