Rua Hermengarda

A RUA HERMENGARDA

.

Essa rua sempre teve um nome muito sonoro aos meus ouvidos. Criança do Cachambi, associava o nome da rua à ideia de movimento e trânsito do "outro lado do Méier". Hoje faz parte do principal cruzamento do bairro, vigiado pelo Leão do Méier radicado na Etiópia, no encontro com a Dias da Cruz e Ana Barbosa.

.

Segundo Palmeira e Morais (2012), quando o Camarista Meyer faleceu, em 1882, ainda mantinha 2 mulheres escravizadas: Isolina e Hermengarda. Também deixou em inventário um homem escravizado, talvez de nome Azamor, um cavalo, um velho carro de tílburi, e terrenos. As ruas abertas estão entre aquelas que também ganharam os nomes dos familiares Meyer, esses possuidores de "sobrenome", como Carolina, Frederico e Joaquim

.

A rua fazia conexão entre a do Dr. Dias da Cruz e do Mateus (Lins) pelo alto da colina da rua Joaquim Méier. Foi lá que foi vendido o primeiro terreno anunciado como "Estação do Meyer" no jornal, em 1889, ano da abertura da estação. Foi vendido pelo padeiro Coutinho, do Engenho Novo, a Manoel Paiva (foto 4), nome do viaduto em Todos os Santos. Essa história já teve um post sobre lá no início da página!

.

Mas a ladeira era íngreme, e tinha um grande trecho em terra, entre as atuais Cônego Tobias e Pache de Faria, impraticável nos Dias de Chuva (foto 3-1938). O trânsito com a Cidade ocorria todo pela rua Lins de Vasconcelos. Só no séc XX que a 24 de maio foi ligada à rua Dias da Cruz e Lia Barbosa (Amaro Cavalcanti). De bonde, houve ponte ligando a 24 de Maio à Arquias Cordeiro, mas foi demolida em 1928.

.

As obras rodoviárias de Lacerda/Negrão de Lima transformaram a rua, que foi rebaixada em 8m, e um viaduto foi feito sobre ela, mantendo a Joaquim Méier contínua. Isso para ligar o centro do Méier com a Avenida Mal. Rondon e Radial Oeste, que era chamada na época de "Avenida Central do Brasil". Com as linhas de ônibus passando por ali no sentido Centro, a 24 de Maio pode ser utilizada unicamente para o sentido Méier, e a centralidade do bairro moveu um pouco mais para longe da estação de trem, coroando o período rodoviarista representado na pulsante rua Dias da Cruz!