Trens x bondes

AS DISPUTAS PELO ESPAÇO SUBURBANO DO MEYER

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O ano era 1882, e a nossa estação ainda não existia, somente a Parada do Cachamby no local. Os trens de carga (chamados "de estrada" ou expressos) da Linha Central da Estação D. Pedro II tinham que dividir espaços crescentes com os "trens de subúrbios". Ainda não tinha um subúrbio definido, e isso era alvo de disputas. O ministro da agricultura André Fleury defendia uma suburbanização aos moldes estadunidenses, e para isso seria necessário manter a ferrovia somente para carga, suprimindo as linhas de passageiros (charges da Revista Illustrada nas fotos 1 e 2). A população suburbana deveria se deslocar mais por bondes, e por isso foi acusado de defender os interesses da Cia. de Carris Villa Izabel, que tinha alguns prejuízos das linhas de Engenho Novo (foto 3) por causa do crescimento dos trens. Contudo, os bondes eram menores, mais lentos e mais caros. Mesmo os modernos carris de ferro de 1888 (foto 4) eram pesados demais e a eletrificação só chegou no séc. XX. Seria um outro Meyer...

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Mas a ideia não foi adiante. Já havia muitos interesses imobiliários em jogo e a especulação fundiária está nas raízes das elites locais que loteavam e abriam ruas alheias ao Estado. Os bondes seguiram dividindo o movimento com trens, mas soberanos nas ruas onde passavam, até o crescimento dos automóveis. As viagens pendulares foram aumentando, tornando cada vez mais difícil delimitar as freguesias urbanas das suburbanas, mostrando a metropolização ocorrendo.

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Os trens de vapor (foto 6) dominaram até os anos 30, quando começaram a dividir trilhos com os elétricos (foto 7 com os dois tipos na estação do Meyer em 1936), e atraíram ainda mais trabalhadores e fizeram parte do maior crescimento populacional do bairro nos anos seguintes

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Ref. Biblio.: SEFARTY, Elaina, 2017. Pelo trem dos subúrbios

Adolfo Bergamini

Largo do Engenho Novo