As telas de Cinema do Meyer

OS CINEMAS PIONEIROS NO MEYER

O nosso Imperator resiste como exceção à regra das salas de cinema em shoppings hoje em dia, mas o Méier já teve 8 cinemas entre nas primeiras 3 décadas do século XX! Era a luz da nascente sétima arte nos subúrbios, junto com Madureira. Separei alguns registros de 4 deles nessa primeira parte: Edison, Mascotte, Cine Meyer e Para Todos.

A 1ª exibição no Brasil ocorreu em 1896, 1 ano depois da estreia oficial na França. Comercialmente, foi preciso ter a energia elétrica para que se expandisse. No Meyer, ocorriam exibições de filmes de 1 minuto em um Parque de Diversões da atual Aristides Caire, mas o Cine Edison (homenagem a Thomas Edison) foi o que primeiro ocupou uma sala próprio em 1909 (foto 1). Na época dos filmes mudos, conjuntos musicais faziam ao vivo a trilha sonora

O Cine Meyer (fotos 3 a 6) é um pouco menos antigo, de 1919, e se tornou o principal do lado da Amaro Cavalcanti. Com os anos, sua deterioração foi visível, e nos anos 50 era chamado de "poeira" pelas péssimas condições em que pessoas assistiam às lotadas sessões, com gente em pé e tudo! Alguns anos depois, deu lugar ao Bruni Méier e hoje é uma loja de motos com uma placa indicativa desse passado.

O Para Todos (foto 7) já ficava na chic e movimentada Arquias Cordeiro desde a década de 30. Suas luzes destacavam a fachada em tempos de poucas ruas iluminadas por lâmpadas elétricas. Vizinho ao Jardim do Méier, era uma dobradinha infalível aos casais! Como de praxe, se tornou uma igreja evangélica nos anos 90.

O Mascotte também é de 1909, e já foi o queridinho do bairro. Parou de se renovar e nos anos 40 já denunciavam os riscos das telas que esquentavam demais (precisavam jogar água nelas nos intervalos). Depois um incêndio, foi reformado em 1958, mas os tempos já eram outros. Em 1975, deu lugar à galeria comercial Condado de Estoril.

Ainda tiveram o Americano, Roulien, Eskie e vários no Cachambi e demais bairros do Grande Méier. Poder escolher qual cinema ir apenas 13 anos depois de seu nascimento francês era um orgulho para o suburbano do início do séc XX

🎬 - 2ª Parte

Outros cinemas continuarão aparecendo nos posts, até porque o Grande Méier sempre foi farto deles até os anos 1990. Foram tantos que alguns quase homônimos podem nos confundir. Por exemplo, o Cine Piedade inaugurado em 1923 (foto 14) na rua Manoel Vitorino, 565, não deve ser confundido com irmão mais velho, "Cinema Piedade", que existiu desde 1909 na rua Assis Carneiro, 18. Resistiu, na verdade, já que dois incêndios (o de 1911 reportado na foto 15) o abalaram nos anos 10. Em 1930, o Cine Engenho de Dentro na Adolfo Bergamini, 50 (foto 16), foi precursor das várias salinhas que se difundiram no bairro nos anos 50 e 60. Os Cines Água Santa e Borja Reis eram famosos por permitir a entrada de menores nos filmes "impróprios", e eram fechados algumas vezes por isso.

A década de 1950 trouxe uma nova dimensão para os cinemas de rua nas últimas grandes inaugurações antes dos shoppings. Na Barão do Bom Retiro, o nosso patrimônio oficial carioca, Cinema Santa Alice, abriu em 1952, com mais de 1.200 lugares. Dois anos depois tivemos o majestoso Imperator, o maior do nosso continente (e é claro que o post dele um dia virá, mas tem história pra contar antes). Em 1955, o Santa Alice estreou sua tecnologia cinemascope (foto 17), que havia sido criada pela 20th Century Fox só dois anos antes! Sua fachada de cobogós (foto 18) passou abrigar funções religiosas a partir de 1982.

E não podíamos fechar esse sem mencionar o charmoso Cine Cachambi, modernizado em 1956 (foto 19), e frequentado na infância pelo falecido ator e diretor delcastilhense Jorge Fernando. Com 25% da área ocupada por um Hortifruti (foto 20), o Cine Cachambi chegou a receber projeto de revitalização e batismo como Cine Costinha, outro ilustre ex-morador do bairro. A última foto é a do antigo Cine Todos os Santos, que ficava na rua Getúlio.

A arquitetura típica de algumas dessas fases ainda está presente em nossas ruas, como no ex-Art Palácio da pça Agripino Grieco, e em muitos outros subúrbios. Conheça a luta para preservá-los e apoie!


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