O lado oculto da rua Carolina Santos

A EX-RUA FORTUNATO DE BRITO E O SANATÓRIO SANTA JULIANA

Nessas andanças de arquivos e jornais velhos, sempre busquei ver a origem dos terrenos e endereços onde morei, e há algum tempo me mudei para a rua Carolina Santos. Bastava contar o endereço que alguém de mais experiência no bairro me dizia, em tom de alerta misterioso: "ali já foi um sanatório (e seus sinônimos) no passado...". A "história da loucura" tem muitas vertentes a serem pensadas, e os estigmas fazem parte desses supostos mistérios além da razão humana. Mas estudos mostram que tinham muito mais da pura e realista crueldade humana quando se depara com o que fugia aos padrões comportamentais da época. Tendo sentido ou não, tais alertas serviram de motivação para buscar essa história.

Os moradores da Carolina Santos sofrem de uma crise de identidade: estão no Lins ou no Méier? Em tempos onde os CEPs definem áreas de risco para entregas, a rua Carolina Santos possui dois códigos postais, cada um em um bairro. O código referente ao Méier era, na origem, da rua Fortunato de Brito (ver mapas das fotos 2e3). Na construção do bairro, a "rua de D. Carolinna" iniciava na atual rua Lins de Vasconcelos (antiga rua do Matheus) e terminava na Aquidabã (antiga Casimiro). Já a Fortunato de Brito iniciava na Dias da Cruz e fazia curva na rua da Esperança (atual Carijós), que se ligava à rua do Santana (Vilela Tavares). Em 1917, conectaram as duas pontas, e o Sr. Fortunato de Brito perdeu a virtual queda de braço para a D. Carolina Santos (foto 4 área de 1928)


No encontro das 2 ruas, n° 170, a congregação das Servas de Maria Reparadoras construiu o Sanatório Santa Juliana, exclusivo às mulheres em 1937. A área da Boca do Mato tinha um clima ótimo para o tratamento de doenças respiratórias, e a tranquilidade para doenças "nervosas". Apesar de quase pegar fogo com a indústria de algodão vizinha (n° 152/156) em 1939, a instituição funcionou até os anos 80, quando foi fechado pelas más condições gerais. Nesses anos, houve notícias de mortes misteriosas e internações suspeitas, sobretudo com os olhares atuais (ex. na 10). Do post da gang do #imperator , a jovem Regina Célia que havia fugido com motoqueiros arruaceiros, fora internada pelos pais no Sanatório pela rebeldia.


É disso que lendas urbanas gostam

#méier #rio

Anúncio de venda da fábrica vizinha ao sanatório, cujos prédios ainda existem mas foram convertidos em moradia